Será que não somos muito cruéis com o tempo?
O tempo, não sente, não pensa, não esconde, não consome, não tem vida e não mente. Segue impassível o seu curso. Se há alguém para culpar, é a nós mesmos. Nós criamos a unidade de medida do tempo, baseados no comprimento de onda da luz. Se o achamos injusto, basta recriar a medida e aumentar o seu instante. É simples, vamos modificar o comprimento de onda da luz.
Há! Então a Luz é a culpada? Se ela fosse mais lenta então o tempo seria mais lento! Não nos atrazaríamos! Passaríamos mais tempo com o amor. Envelheceríamos mais lentamente. Poderíamos realizar nossas atividades mais tranquilamente. A vida seria mais longa.
Apaguemos a Luz!
Será?
Será que isso resolveria?
Mas como ficaria a dor da separação, doeria por mais tempo? A dor da perda, amargaríamos por mais tempo? A dor da saudade, demoraria a ser aplacada, haveria mais tempo para sentir? A pessoa, objeto da saudade, demoraria mais a chegar. Maldita dúvida! Esta também, a dúvida, demoraria mais a ser resolvida.
A solução, desta forma, seria ter duas unidades de medida para o tempo. Uma para os bons momentos e uma para os maus momentos. Então tá resolvido, esqueçamos da luz, deixe-mo-la acesa!
Quando o momento for prazeroso, o tempo será mais longo. Quando o momento for de dor, será mais curto. Assim agrada-se a gregos e troianos.
Fiquei com dúvidas. Como resolver situações em que fazemos algo que não gostamos, para alguém que gostamos? Neste caso queremos que o tempo passe mais depressa, mas quem gostamos, e espera pelo que estamos fazendo, quer o tempo mais lento.
Como esperar algo que gostamos, de quem não gosta do que faz, mas precisa fazer? Agora queremos, nós, que o tempo seja condecedente e vá mais devagar, mas o outro o quer mais rápido.
Eis a dicotomia do tempo, ele, o tempo, não está a nosso favor, nem contra. O tempo apenas está ai. Nós o usamos por convenção. Ele é parâmetro, podemos usar ou não sua medida. Não usar é ficar fora do contexto, todos usam. Usar é aceitar as condições da vida, que o usam como medida. Podemos fugir da vida, mas não do tempo. Se não o usarmos, alguém dirá "com o tempo vai se acostumar".
Acho muito interessante, algumas colocações e lendas que criaram para a questão do tempo. Enquanto, em uma mesma sala, podem haver pessoas se queixando da falta de tempo, outras podem estar sentindo que o tempo não passa. É tudo uma questão de perpectiva.
Isso me leva a crer, constatação, que não é o tempo que varia, ele segue de forma inexorável e constante. Existe um fator, o fator humano. Sua pressa e/ou sua parcimônia, é a dicotomia que separa o universo das impressões. Nada mais, nada menos.
Pois é, uma equação simples de se resolver. Se excluirmos o fator humano o tempo vai continuar seguindo, seja lá com que medida. Aliás, se excluir o fator humano o tempo deixa de ter significado, não é mesmo?
Então como resolver essa questão?
Depende do ritmo de cada um. Assim como a Luz tem sua frequência, o ser humano também tem a sua. Por este motivo é que cada um tem, em determinados momentos, uma impressão sobre o tempo. Atribuindo a ele muitas das dificuldades encontradas.
Dessa forma, vamos ser mais condecedentes com essa unidade de medida, o tempo. Ele não segue ordens, não cria as regras e tão pouco as Leis que o governam.
O tempo, assim como o universo, segue! Apenas isso! Nós é que ficamos pelo caminho.
Abraços, J.C.Hesse - Autor da obra Tallek
Autor e Auxiliar Administrativo do Clube dos Novos AutoresMeu Twitter: JCHesse
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